Depois de tentar empurrar The Outer Worlds 2 por US$ 80 — e fingir que estava tudo bem — a Microsoft resolveu dar dois passos atrás. Um mês depois, o preço voltou ao “normal” e Call of Duty: Black Ops 7 também escapou do reajuste. Milagre? Consciência? Não exatamente. O que veio na sequência foi algo ainda mais curioso: uma aula de filosofia corporativa sobre o “verdadeiro significado” do preço de um videogame em 2025.
Em entrevista recente, Matt Booty, presidente da divisão de games da Microsoft, basicamente pediu para todo mundo parar de olhar para o número na etiqueta. Segundo ele, o importante não é quanto o jogo custa, mas como o jogador “se engaja” com ele. Compra, assinatura, edição premium, desconto relâmpago, combo com brinde digital… vale tudo para provar que, no fundo, você não está pagando tão caro assim. Só parece.
A lógica é simples — e convenientemente confusa. Se um jogo custa US$ 80 no lançamento, mas pode ser jogado via Game Pass por menos, ou comprado com desconto alguns meses depois, então qual é o problema? Afinal, o consumidor tem “opções”. O detalhe ignorado é que essas opções não ajudam em nada quem quer jogar no dia um e não está interessado em fazer malabarismo financeiro para justificar um aumento.
Essa tentativa de diluir o preço também esbarra na realidade: jogadores percebem quando estão sendo empurrados para um modelo mais caro à força. Não foi à toa que a reação negativa fez a Microsoft recuar rapidinho. A desculpa oficial é que a empresa está “ouvindo o feedback”. A não oficial é que ninguém engoliu a ideia de pagar mais caro por uma sequência que, até ontem, custava menos.
Nada disso indica que o assunto esteja encerrado. Pelo contrário. O discurso deixa claro que o aumento não morreu — só está esperando o momento certo para voltar. Especialmente quando se leva em conta que a Microsoft trabalha com metas de lucro bem acima da média da indústria. Manter o caixa feliz, afinal, também faz parte de “entregar valor”.
Por enquanto, o preço de US$ 80 ficou guardado na gaveta, junto com outras ideias ruins que quase deram certo. Mas o recado está dado: se depender da empresa, o problema nunca é o valor do jogo. É você que ainda insiste em olhar para o preço, em vez de apreciar a criatividade da desculpa.
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