Quanto custa aparecer no The Game Awards? Segundo reportagem, até 1 milhão de dólares



Por trás do brilho, dos anúncios surpresa e das grandes revelações, o The Game Awards opera com uma lógica bem menos glamourosa — e cada vez mais cara. Um levantamento recente revelou cifras que ajudam a explicar por que o palco mais assistido da indústria também se tornou um espaço quase exclusivo para grandes publishers.

De acordo com informações apuradas pelo Kotaku junto a fontes com acesso direto à organização do evento, um trailer de apenas um minuto exibido durante a cerimônia pode custar até US$ 450 mil. Se a intenção for um vídeo mais longo, com cerca de três minutos, a conta facilmente se aproxima de US$ 1 milhão. Os valores, embora chamem atenção, não surpreenderam executivos ouvidos pela reportagem, que afirmam ver números semelhantes em edições anteriores.

O modelo não é exatamente novo. O The Game Awards vende espaços para anúncios, trailers, revelações e até patrocínio de categorias inteiras. Uma parte do show fica reservada para anúncios “curados” pela organização de Geoff Keighley, mas, fora isso, visibilidade diante de uma audiência que ultrapassou 150 milhões de espectadores no ano passado tem preço — e ele é alto.

Essa lógica já havia ficado clara em outros eventos comandados por Keighley. Um relatório da revista Esquire mostrou que, no Summer Game Fest, os valores também beiram o proibitivo: cerca de US$ 250 mil por um minuto de trailer, US$ 350 mil por 90 segundos e mais de meio milhão de dólares por vídeos um pouco mais longos. Para estúdios independentes, é um patamar simplesmente fora de alcance.

Mas os custos não param na exibição. Outro ponto sensível envolve a própria presença física dos indicados na cerimônia. Desenvolvedores de diferentes portes relataram que, mesmo com jogos nomeados, os estúdios recebem apenas dois convites oficiais para assistir ao evento. Casos excepcionais existem, mas não há transparência sobre os critérios adotados.

O estúdio francês Sandfall Interactive sentiu isso de perto. Com Clair Obscur: Expedition 33 acumulando 12 indicações — um recorde recente —, a equipe precisou comprar ingressos adicionais, a cerca de US$ 300 cada, para levar mais membros ao teatro. Nem sempre, porém, isso é possível. Um roteirista freelancer que trabalhou em um jogo indicado contou que ficou de fora por não ser mais funcionário fixo do estúdio. Ao tentar recorrer à revenda, encontrou preços entre US$ 600 e US$ 1.000, além da dificuldade de achar assentos próximos.

Para ele, a solução seria simples: liberar ingressos ao público apenas após o anúncio dos indicados ou reservar uma cota específica para profissionais com vínculo comprovado aos jogos nomeados.

Tudo isso acontece em um ano particularmente turbulento para o The Game Awards. A edição atual já enfrentou questionamentos públicos, como a retirada de Megabonk da categoria de melhor estreia indie, após seu criador afirmar que o jogo não se encaixava nos critérios, já que outros títulos haviam sido lançados anteriormente sob nomes diferentes de estúdio.

Outro desgaste veio do silêncio em torno do Future Class, iniciativa criada para destacar novos talentos e ampliar a diversidade na indústria. Sem novos selecionados em 2023 e 2024, o programa foi oficialmente encerrado sem planos de retorno. A remoção da página que listava os homenageados anteriores também causou desconforto. Para membros da comunidade, como Malek Teffaha, da turma de 2022, o fim do projeto representa a perda de um espaço importante de conexão entre lideranças e profissionais emergentes.

Até o momento, a organização do The Game Awards não se pronunciou sobre os valores cobrados nem sobre as críticas relacionadas a convites, acesso e programas descontinuados. Enquanto isso, o evento segue crescendo em audiência — e levantando debates cada vez mais intensos sobre quem, de fato, consegue ocupar seu palco.

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